Não, este não é um conto de reis e princesas, castelos e riqueza. Pelo menos não como acontece nos livros de fábulas, mas é uma história real.
Leoncio Alonso González de Gregorio y Álvarez de Toledo nasceu em Madri, Espanha, no dia 3 de janeiro de 1956 e pertence a uma linhagem de nobres espanhóis. Hoje, aos 55 anos, sustenta os títulos de XXII duque de Medina Sidonia, XVIII marquês de Villafranca del Bierzo, XIX marquês de los Vélez y XXVI conde de Niebla. Em 2001, casou-se pela segunda vez com a venezuelana Pamela García Damían.
Como nobre espanhol, Leoncio Alonso nasceu em família católica tradicional e foi criado nas altas castas da sociedade de seu país. Seu pai, José Leoncio González de Gregorio y Martí, era seguidor fiel das tradições religiosas católicas e da nobreza espanhola, e nunca permitiu a ideia de que os filhos se desviassem desse caminho
Há 12 anos, Leoncio Alonso e Pamela conheceram e aceitaram o Senhor Jesus na Igreja Universal do Reino de Deus, em Madri, e, como ele mesmo relata: “A partir deste momento crucial, tudo começou a transformar-se em nossas vidas.” Mas, em princípio, nem todas as mudanças foram positivas.
“O mais notório foi a corrosão das minhas relações familiares e sociais. As pessoas ao meu entorno abandonaram a ligação que, até então, mantinham comigo.”
Sobre sua relação com o pai, Leoncio conta: “Ele passou da frieza à curiosidade, e logo a uma pressão crescente, assim que associou minha transformação pessoal à minha nova fé em Jesus.”
O curioso é que, como ele mesmo relata, até então, os aspectos espirituais nunca haviam tido importância em sua família, a não ser por questões tradicionais. “A religiosidade era superficial e fria, limitando-se à missa dominical e pouco mais. Por isso, me pareceu tão surpreendente o interesse autoritário do meu pai, e de todos que estavam em seu entorno, em querer forçar-nos – a Pamela, que era minha noiva naquela época, e a mim – para que aceitáramos o catolicismo.”
O fato de Leoncio e Pamela passarem a ler a Bíblia com frequência causou estranheza, já que isso é algo visto com desconfiança nos ambientes tradicionais espanhóis. E, como os testemunhos de cura que o casal costumava transmitir ao pai e avó de Leoncio desencadearam uma espécie de “ciúme religioso”, como ele mesmo define.
A perseguição foi tanta que, em determinado momento, o pai de Leoncio determinou que Pamela, como futura esposa do filho, deveria passar pela minuciosa análise de um jesuíta, amigo da família, para que este examinasse as crenças de Pamela e visse se não havia nela algum sinal de “heresia”, já que parecia ser ela a responsável pelo “descaminho” de Leoncio.
O jesuíta sugeriu uma reunião com Pamela para completar a sondagem “como se estivéssemos ainda no século XVII”, comenta Leoncio. “O propósito dele era fazer com que Pamela aceitasse os pontos básicos do catolicismo, como o culto à virgem e aos santos”, completa.
“Fiquei muito irritado, e aconselhei a Pamela que não se aprestara a tal reunião, mas ela insistiu em ir, em parte pelo afeto e respeito que sentia pelo meu pai, e também porque considerava que não tinha nada a ocultar e, ao contrário, via aquela reunião como uma oportunidade de dar testemunho”, conta Leoncio.
Durante o encontro, Pamela manteve-se firme de suas convicções e da importância de manter uma relação pessoal, direta e exclusiva com Jesus, como elemento básico de sua fé, sem desrespeitar os preceitos daquele padre.
O veredicto do jesuíta foi comunicado pelo pai de Leoncio, alguns dias depois, dizendo-lhe que não podia permitir o casamento entre ele e Pamela, já que Leoncio era seu primogênito e ela era considerada uma “herege” pela Igreja Católica.
Continua...