O segredo que existe por trás de um simples jogo virtual O que as empresas ganham com o vício em jogos digitais http://www.universal.org/noticia/2014/03/09/o-segredo-que-existe-por-tras-de-um-simples-jogo-virtual-29006.html
“Logo na primeira semana conseguimos pagar o investimento feito para o desenvolvimento do aplicativo”, frase dita pelo diretor de operações da Netfilter, Pedro Paulo de Oliveira, que criou o jogo virtual Boliche Medieval, para o site UOL Tecnologia. Nesse jogo, até a fase 10, que tem como objetivo derrubar pinos de boliche, o aplicativo sai de graça. Porém, para continuar jogando, o usuário tem a opção de baixar os outros níveis, mas paga por isso.
Se nada vem de graça no mundo real, imagina no virtual? Grande parte desses aplicativos não tem custo algum, basta que o usuário baixe-o e pronto. Como um “peixe”, o consumidor caiu na rede e foi consumido pelas sensações que o novo companheiro causa. Porém, o que parece apenas um divertido passatempo esconde um mundo cruel e, o que é pior, viciante.
Foi o caso do estudante Henrique Costa, de 28 anos, que ficava 16 horas por dia jogando. Sua vida era baseada nos jogos. “No início era um hobby, depois virou compulsão. Atrapalhou toda a minha vida. Tudo girava em torno disso. E, se eu não estava jogando, ficava irritado, não conseguia nem raciocinar. Não acreditava mais em mim mesmo. E jogando, quanto mais eu ganhava, mais me sentia poderoso. Porém, chegou uma hora que começou a prejudicar a minha saúde e aí percebi que precisava mudar. Hoje, depois de três anos sem jogar, me vejo liberto desse mundo”, conta
O psicólogo Cristiano Nabuco, que trata de viciados em internet no Hospital das Clínicas de São Paulo, destaca a estratégia usada na fabricação desses divertimentos e fala do que eles são capazes. “Os jogos são feitos para que as pessoas ganhem pontuação. Por isso, as primeiras ‘fases’ de um jogo são fáceis de conquistar. Com isso, causam dependência e aumentam o ego e a vaidade.”
O especialista também faz questão de destacar que muitos, sem perceber, entram num estado de “anestesia emocional” toda vez que se deparam com situações difíceis. Ele explica que isso é uma habilidade natural do ser humano, de procurar “fugas” para se sentir melhor.
Em entrevista ao site Forbes, o criador do jogo Flappy Bird, Dony Nguyen, disse o porquê tirou o seu jogo do mundo virtual. “Ele (Flappy Bird) foi criado para jogar por alguns minutos, quando você está tranquilo. Mas tornou-se viciante. Acho que virou um problema e, para resolver esse problema, é melhor remover o Flappy Bird. Não tem volta.”
Nesse jogo, a pessoa controlava o voo de um pássaro, que precisava atravessar um caminho sem fim e cheio de obstáculos para ganhar todos os pontos.
A psicóloga Janice Rechulski afirma que, para o dependente nesse tipo de jogo, existe a “sensação de vitória; pois o sucesso que a pessoa não tem na vida, adquire no jogo”.
Quem se acha vitorioso nesse campo deve ficar atento, pois até coisas que parecem inofensivas e ingênuas são exploradas por quem visa apenas o lucro. E tudo em nome da diversão, do nosso bem-estar.
Será mesmo?
A busca por estratégias que viciem o usuário só deixam claro que, por mais que o jogador se sinta o campeão das fases mais difíceis de tais jogos, na verdade, está sendo apenas mais uma marionete nas mãos das empresas e se transformando num perdedor das coisas simples da vida.