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A expectativa do reencontro
Por Jaqueline Corrêa
jaqueline.correa@arcauniversal.com
Laura é uma jovem que terminou o seu noivado com um homem admirável. Ela nem sabe o motivo dessa decisão, tampouco compreende que o distanciamento foi acontecendo aos poucos, e de forma tão delicada, que, quando percebe, já se encontra longe demais dele. Laura passa a querer preencher essa falta, mas a sua tristeza, no fundo, é saber que o seu amor não está nos lugares onde procura. O dilema de Laura é tentar reencontrar o seu amado, que um dia foi desprezado, e que ela teme agora rejeitá-la.
Quando o reencontrei estava meio confusa. Não era uma espécie de desorientação, compaixão, mas nutria uma carga de humilhação tão profunda que a única coisa que ainda conseguia fazer era chorar.
A primeira lágrima caiu discreta. Consegui segurá-la, mas era como se ela insistisse em rolar. Era como se nem ela mesma suportasse a amargura na qual se prendia. Foi terrível aquela sensação de solidão! Tudo o que pensava era em encontrá-lo. Já havia sofrido demais até aquele dia.
O meu noivo, na verdade, estava à minha espera, mas eu não o queria por perto. Estava magoada, ressentida. Não sei bem se com ele, ou comigo mesma, pela teimosia em fazer as coisas que queria, até desapontá-lo de vez.
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Eu o amei mais do que tudo. Mas aquele amor já me sufocava a mente e o coração. Sei que fui ingênua demais achando que seria feliz longe dele. Disse, certo dia, que não o queria mais. Para ser honesta, não disse, mostrei.
Um dia me disseram que gestos falam mais do que palavras. E eu sei que o gesto que fiz, abandonando-o, disse tudo a meu respeito.
Ele nada fez, e nada pôde fazer. Dei um tempo – ao meu modo – naquele relacionamento unilateral. Já fazia tempo que não me sentia amada. Na realidade, isso era uma sensação enganosa. Não por culpa dele, mas minha. Inteiramente minha. Eu era exigente demais, boba demais para aceitar seus conselhos.
Já ele era tão inteligente! Aconselhava-me sobre as mínimas coisas... Mas eu fui tão fútil, tão desonesta e infantil! Meu Deus, como suportar essa distância? Sinto-me uma poeira longe dele. O meu primeiro amor, meu único e verdadeiro amor.
Assim que subi a escadaria de sua casa, tive uma sensação estranha. Uma mistura de desprezo e alívio. Acho que nunca vou conseguir explicar isso, mas, pela primeira vez, me percebi amparada.
Disseram-me para esperá-lo. Foi o que fiz. Sentei-me em uma confortável poltrona, e pedi a Deus que ele me recebesse bem. Meu ex-noivo não demorou a chegar. Quando soube que eu estava ali, veio imediatamente ao meu encontro.
Não o vi chegar.
Mas quando apareceu, já estava à minha frente e eu nem havia percebido. Estava com os meus pensamentos tão dispersos...
Bom... Não sabia bem como agir, se me desculpava ou me derramava em prantos. Se implorava por seu perdão e lhe pedia mais uma chance, ou saía correndo dali.
A única coisa que eu sabia, porém, era que ele queria me dizer alguma coisa. Fechei os olhos e aguardei.
Aguarde a continuação...