Sem expectativas utópicas
O início de uma relação é sempre repleto de grandes expectativas: Será que ele é romântico, que vamos passar o Natal juntos, que noivaremos, casaremos e teremos filhos? Mas um relacionamento não pode se basear no que seria ideal, e sim em uma perspectiva real.
O psicólogo Wilson Montiel explica como deve ser essa perspectiva de relacionamento. “Antes de mais nada, deve-se conhecer qual é a sua expectativa, que precisa ser algo palpável, e não utópico. A partir daí, podemos nomear: uma pessoa que seja leal, cúmplice, companheira. Esse é o primeiro passo para ter um relacionamento real.”
Depois disso, Montiel afirma que é preciso seguir as próprias regras. “Seja coerente ao interesse na hora da escolha, flerte, troque, mas só continue algo com alguém coerente às características que você nomeou.”
Mas, atenção, feita a escolha da pessoa que condiz com aquilo que buscou, é necessário ir devagar. “O terceiro passo, depois de escolhida a pessoa, a partir do critério pré-estabelecido, é não pular no relacionamento de peito aberto. Dê tempo ao tempo, não adianta apressar a correnteza do rio, ele corre sozinho, ou seja, agora o tempo vai dizer se há um compromisso de verdade”.
E esse compromisso será percebido por algumas situações do dia a dia. “Se a pessoa trabalha, se dá valor à família de origem, se tem responsabilidade financeira, se há realmente uma troca de respeito e cumplicidade”, esclarece Montiel.
Ele ressalta também que as pessoas não devem procurar a “tampa da sua panela”. “Não se procura alguém para se completar, porque a pessoa tem que se autossuprir, ser capaz de ser sozinha e não procurar o que falta em você, mas sim ver no outro alguém que te compõe, que soma com você.”
Preservar a individualidade
Além de não se ter uma expectativa exagerada e irreal, é importante que cada pessoa saiba ter sua individualidade preservada para que aconteça um relacionamento verdadeiro. “Cada um tem que ter uma vida produtiva, sócio-cultural e organizada à parte, ou seja, o esporte que mais gosta, seus amigos, o trabalho, curtir coisas próprias. Desta forma, ter sim a trocar com o parceiro. Sem essa individualidade será possível ter um relacionamento ideal, que é o contrário de ter uma relação amadurecida, baseada no agora e não no futuro ou no passado”, comenta Montiel.
Ilusão traz cobranças
Mas se o relacionamento não estiver baseado na individualidade e na expectativa real, porém em ilusões, promessas que não se cumprem, compromissos feitos da boca para fora, a relação está fadada ao fim. “O tempo, o dia a dia da cumplicidade, a hora de um fazer o outro crescer, tudo isso irá mostrar a realidade. Todos nós construímos uma relação em valores que quisemos acreditar. Essa idealização de uma entrega que não foi capaz de cumprir será cobrada depois”, finaliza o psicólogo