publicado em 16/07/2012 às 04h50.
O arrependimento é o único caminho de volta para Deus. Às vezes a pessoa tem um sentimento de remorso, por ter cometido algo de errado, e pensa que isso é suficiente para o perdão de Deus.
Ora, foi justamente este o sentimento que acometeu Judas Iscariotes, depois da sua traição. No entanto, não impediu que ele se suicidasse. O Senhor Jesus alerta: "Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas." Apocalipse 2.5
Remorso não é arrependimento; é apenas um sentimento de pesar, enquanto arrependimento é um sentimento de pesar seguido de atitudes contrárias à ação errada. Basicamente, o arrependimento exige cinco passos:
Primeiro: Reconhecimento do pecado cometido.
Segundo: Ódio ao pecado.
Terceiro: Confissão do pecado ao Senhor Jesus.
Quarto: Abandono do pecado.
Quinto: Esquecimento do pecado.
Podemos observar isso na ordem que o Senhor deu ao anjo da igreja de Éfeso, quando disse: "... arrepende-te e volta à prática das primeiras obras..." (Apocalipse 2.5).
Tanto a obediência quanto a desobediência à Palavra de Deus têm as suas consequências. Cedo ou tarde, colheremos os frutos de uma ou de outra, pois esta é uma lei inflexível e imutável da própria natureza da vida.
Colhemos hoje os frutos das sementes que plantamos ontem, e colheremos amanhã os frutos das sementes que estamos plantando hoje.
Muitas pessoas levaram uma vida inteira semeando a desobediência à Palavra de Deus e, de repente, querem colher os bons frutos da boa semente que plantaram há apenas alguns dias. É claro que não é assim! É necessário esperar o tempo determinado para colher o que se plantou.
O arrependimento e a volta à prática das primeiras obras eram as únicas condições para que o anjo da igreja de Éfeso se mantivesse no seu lugar.
Essa carta deve ser um grande alerta àqueles que têm sustentado a falsa doutrina de "uma vez salvo, salvo para sempre". Aquele responsável pela igreja de Éfeso havia começado muito bem, alicerçado no primeiro amor. Mas, com o passar do tempo, abandonou este primeiro amor.
E se por acaso ele não se arrepender, o que acontecerá? Perderá a sua igreja! Quer dizer: será desligado do corpo do Senhor Jesus Cristo. E uma vez cortado da Videira Verdadeira, secará.
O Senhor Jesus lhe diz ainda: "Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio" (Apocalipse 2.6). Os nicolaítas eram pessoas que, apesar de crerem no Senhor Jesus, criam também na possibilidade doutrinária de conciliar as obras da carne com o fruto do Espírito Santo.
Tais pessoas admitiam os pecados da carne, porque alegavam que ela iria desaparecer. Isto contraria totalmente a Palavra de Deus, que diz:
"Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus." Romanos 8.6-8
Alguns eruditos têm a palavra "nicolaíta" como forma grega da palavra "Balaão", relacionando assim os que sustentavam a "doutrina de Balaão", que ensinava as pessoas a comerem coisas sacrificadas aos ídolos e a praticarem todos os tipos de prostituição.
O Senhor Jesus assim termina a carta: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus."Apocalipse 2.7
Algumas vezes, durante o Seu ministério terreno, Ele usou a expressão "quem tem ouvidos para ouvir, ouça" (Mateus 11.15; 13.9,43; Marcos 4.9; Lucas 8.8; 14.35).
E no término de todas as cartas, Ele a usa novamente. É muito provável que o Seu objetivo seja dar o mesmo sentido que deu nas vezes anteriores, na conclusão de algumas parábolas, as quais focalizavam a vida eterna.
Quando o Senhor diz "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas..." (Apocalipse 2.7), significa que Ele fala. Agora, o grande problema é saber quem tem ouvidos para ouvir a Sua voz!
Normalmente temos ouvidos para ouvir as vozes exteriores, e dificilmente para ouvir a voz do Espírito, dirigida ao interior do nosso coração, por meio da Sua Palavra.
O espírito da geração que o Senhor Jesus encontrou aqui na Terra é o mesmo de hoje. A maioria das pessoas está preocupada com o sucesso pessoal, e os cristãos também estão incluídos nesta maioria.
A voz de Deus não tem encontrado eco no coração dos Seus filhos. Daí o fracasso da Igreja atual e de inúmeros cristãos. Como é que o servo pode saber a vontade do seu Senhor, se não há comunhão com Ele? Como é que o discípulo pode aprender do Mestre, se não há contato com Ele?
O Senhor Jesus mostra o prêmio para aqueles que vencerem: "... Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus." Apocalipse 2.7
Que privilégio participar dos frutos da árvore da vida, da vida eterna! Mas, para vencer, é preciso lutar. Ninguém é capaz de conquistar algo sem participar de uma disputa.
Em todas as conclusões das cartas apocalípticas, sempre encontramos uma promessa para os vencedores. É muito importante saber que o Senhor Jesus aqui está mostrando a condição para se comer do fruto da árvore da vida.
O prêmio é se alimentar da árvore da vida. Mas a condição é vencer! Vencer o quê? O Espírito Santo, por intermédio do apóstolo Paulo, já havia exortado os cristãos de Éfeso com respeito às lutas que eles teriam de travar, a fim de manterem a fé cristã:
"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis." Efésios 6.10-13
Aprendemos, nestes versículos, que cada cristão participa de uma verdadeira guerra espiritual, pois, por duas vezes, o Espírito Santo nos exorta a tomarmos toda a armadura de Deus. E por que temos de tomar toda a armadura de Deus, se já Lhe pertencemos?
É verdade que os que estão em Cristo Jesus Lhe pertencem! Porém, para que esta condição permaneça, precisamos nos armar com toda a armadura de Deus, para, então, podermos resistir ao diabo.
Ora, é justamente isto a batalha contra o diabo e o pecado que temos de vencer a cada instante até a morte. Em uma ocasião, o Senhor Jesus disse: "... o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele". Mateus 11.12
A resistência que precisamos manter contra o diabo, na maioria das vezes, é subjetiva. Por exemplo, renunciar aos desejos da carne, ou da vontade própria, em benefício do Reino de Deus, é uma batalha difícil.
Muitos cristãos não conseguem vencer a si mesmos, isto é, não conseguem vencer a concupiscência dos próprios olhos e da própria carne, dividindo o senhorio do Senhor Jesus consigo mesmos.
Quer dizer que o Senhor Jesus é Senhor das suas vidas apenas quando estão na igreja. Fora dela, são senhores de si mesmos! A guerra que há entre a carne e o Espírito Santo tem sido infrutífera na vida deles.
Se continuarem assim, não vencerão, e, consequentemente, não terão o direito de se alimentarem da árvore da vida. A vida eterna é um prêmio apenas para os vencedores.
Cada um precisa lutar as suas próprias lutas e, assim, conquistar a sua salvação. Um cristão pode ajudar o outro com oração, jejuns e encorajamento com palavras de fé, mas há batalhas pessoais e intransferíveis, as quais cada um tem de lutar por si mesmo.
É como comer, beber e dormir: ninguém pode fazer pelo outro! Assim também é a guerra pela vida eterna! Cada um tem de vencer por si mesmo, para receber o prêmio da vida eterna.
É como o gerar da própria vida: milhões e milhões de espermatozóides correm para o óvulo, mas só um consegue penetrá-lo. Este é o vitorioso! É ele que vai ter direito à vida. Os demais morrem!