SALMOS

"INSTRUIR-TE-EI E TE ENSINAREI O CAMINHO QUE DEVES SEGUIR; E, SOB AS MINHAS VISTAS, TE DAREI CONSELHO. NÃO SEJAIS COMO O CAVALO OU A MULA, SEM ENTENDIMENTO, OS QUAIS COM FREIOS E CABRESTOS SÃO DOMINADOS; DE OUTRA SORTE NÃO TE OBEDECEM."

SALMOS 32:8 e 9
































































terça-feira, 8 de maio de 2012

A história de Valdir e Tonhão


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Até onde seu orgulho pode lhe ajudar?

Por Marcelo Crivella
redacao@arcauniversal.com

Era uma vez um circo que corria todo o interior de Minas Gerais. Não era lá essas coisas, mas para as pequenas cidades da roça era uma grande atração. Quando as carretas apontavam na estrada, com as cabines pintadas e os animais na jaula, chegavam a novidade e a alegria.
O que mais chamava atenção eram os elefantes. O maior deles era o Valdir, um animal vindo da Índia, país onde os elefantes são sagrados e adorados como deuses. Quando criança, elefantinho ainda, ele via seu pai desfilar enfeitado pelas ruas e gente de todo o tipo ajoelhada a lhe pedir favores.
A religião hindu é mais uma armadilha do diabo para enganar os incautos. Ensina que as almas reencarnam e seguem um processo de evolução. São milhares os deuses que se originam desse entendimento completamente contrário à Palavra de Deus. Ora, se isso fosse verdade, com o passar dos milênios o ser humano melhoraria na sua índole. O que se observa, entretanto, é que o pecado se multiplica à medida que se aproxima o fim dos tempos. O Senhor Jesus sabiamente advertiu:
"E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos." Mateus 24.12.
Pela força do destino, o paquiderme foi vendido ainda jovem e acabou vindo de navio para o Brasil. Como era orgulhoso, nunca aprendeu nenhum truque. Aliás, nem sequer deu a mínima atenção aos tantos treinadores que teve.
Assim, o elefante indiano foi sendo empurrado de circo em circo, até que terminou sem grandes privilégios, num bem modesto, de interior, onde o Tonhão, um elefante africano e muito humilde, fazia sucesso e acabava trabalhando pelos dois.
- Você é ridículo, Tonhão. Jamais me sujeitarei a este papel de elefante de circo. Fique sabendo que sou um animal sagrado, um deus reencarnado- dizia o presunçoso Valdir.
Para não dizer que Valdir era inútil, o dono do circo, que sabia da total apatia do animal, oferecia um prêmio em dinheiro para quem conseguisse fazê-lo sentar, que é o truque mais elementar para um elefante amestrado.
Os candidatos puxavam a corda amarrada no pescoço do elefante, penduravam-se no seu rabo, empurravam-lhe as patas, traziam camundongos para assustá-lo, ofereciam amendoim, mas nada surtia qualquer efeito. O Valdir era mesmo um elefante muito orgulhoso.
Até que um dia, um rapaz esperto, acostumado a lidar com a teimosia das mulas, assistindo ao espetáculo decidiu enfrentar o desafio. Ele era o ponta-esquerda do time de futebol. Tinha uma canhota poderosa. O chute do rapaz era uma bomba de furar a rede.
- Senhoras e senhores, agora o elefante mais teimoso do mundo desafia quem possa fazê-lo sentar - anunciou o dono do circo.
O rapaz se levantou e se dirigiu ao centro do picadeiro. Olhou seriamente nos olhos pequenos e soberbos do animal. Depois passou a rodeá-lo lentamente, como a procurar um ponto fraco. Quando estava por detrás do elefante, mandou o pé num chute potentíssimo, que atingiu em cheio os testículos graúdos do Valdir, que lhe caíam pendurados entre as patas traseiras.
O elefante só teve tempo de emitir um longo e doloroso "uíííííííííííííííííí!!!", enquanto as patas de trás perdiam a sustentação e escorregavam, fazendo aquelas toneladas se sentarem no chão.
A plateia delirou e o rapaz recebeu o prêmio. No dia seguinte, o circo partiu para outra cidade. Eles agora tinham um problema. Como aproveitar aquele elefante como uma atração que justificasse toda a comida que lhe custava, e o incômodo de transportá-lo de um lado para outro?
Resolveram mudar a exigência. Agora, em vez de fazê-lo sentar, o prêmio seria dado a quem fizesse Valdir falar sim e não. Dessa maneira, estariam seguros de que ninguém levaria o prêmio.
Na primeira noite de espetáculo na nova cidade, com casa cheia, quando o desafio foi lançado à plateia, o mesmo rapaz desceu da arquibancada em direção ao picadeiro. Ao vê-lo, o orgulhoso elefante sentiu um arrepio percorrê-lo desde a ponta do rabo até a ponta da tromba. Todo mundo já ouviu falar da tal "memória de elefante". O Valdir lembrava claramente daquele chute de canhota.
O rapaz olhou firme dentro dos seus olhos e lentamente começou a rodeá-lo, exatamente como da outra vez. A cada volta, Valdir suava frio. O jovem se aproximou, levantou aquela orelha imensa e sussurrou-lhe ao ouvido:
- Você me conhece, Valdir? - ao que o elefante de imediato respondeu, movendo a cabeça de cima para baixo, exprimindo um "sim"!
- Quer levar outro chute daquele? - ao que o elefante imediatamente movendo a cabeça de um lado para o outro, expressou um angustiado "não!".
- Então senta Valdir! - ao que o animal prontamente obedeceu, dobrando as patas traseiras, sentando docilmente.
O público explodiu em aplausos, enquanto o dono do circo, boquiaberto e a contragosto, pagava o prêmio ao rapaz.
O orgulho é mesmo terrível e nos faz teimosos como o elefante Valdir. Admirador de si próprio, o orgulhoso não ouve ninguém e se considera o dono da verdade. Até que chega o dia, aquele dia, em que Valdir sentou. Melhor e muito menos doloroso é aprender através da humildade.
Tonhão, o humilde elefante africano, que era tido por Valdir como ridículo, até hoje dá gargalhadas quando lembra da cara do Valdir.

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