publicado em 28/07/2013 às 04h50.
Veja algumas dicas para elevar sua autoestima
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Ela tinha apenas 4 anos de idade quando os pais se separaram e resolveram refazer a vida em outra cidade. Um para cada lado. Ela e os irmãos ficaram com a avó.
Três anos depois a mãe mandou buscá-los.
De dentro do ônibus, Júlia* observa a imensa quantidade de automóveis. Nunca vira tantos assim, de uma só vez. Nem dava tempo de contar. Tentou uma, duas, três vezes e desistiu. Estava encantada. Seus olhos brilhavam diante daquele novo mundo que surgia.
Era uma nova vida que se iniciava.
Primeiro dia de aula. Sala lotada de crianças. A professora faz a chamada.
- Número 31? Silêncio...
Júlia? Chama a professora.
- "Préseeenti" - responde Júlia, revelando o sotaque nordestino.
Os colegas caem na risada. Júlia não entende o motivo.
Até aquele dia, ela achava que falava igual a todas as outras crianças.
Dali em diante, todos os dias eram a mesma coisa. Todos caiam na gargalhada ao ouvirem-na responder a chamada.
Ela, por sua vez, se retraía. Evitava falar. Quanto menos falasse, menos ririam dela, pensava.
Na aula, quando a professora fazia alguma pergunta relacionada à matéria, Júlia queria responder, sabia a resposta, mas, por vergonha, não levantava a mão.
E se rirem de mim? - pensava. Então se calava.
Nunca participava dos debates em sala de aula. Admirava os colegas que sempre expressavam a opinião, mas ela, por mais que tentasse, não conseguia. Algo a bloqueava. Só em pensar na possibilidade de zombarem dela, desistia.
Júlia tinha poucas 'amigas'. Fazia de tudo para agradá-las. Procurava imitá-las na maneira de ser e de falar. Esforçava-se para ser como elas. Desejava ser como as outras meninas. Elas sempre sabiam o que dizer. Sempre estavam rodeadas de amigas, e os meninos mais bonitos da escola queriam namorá-las. Enquanto ela não despertava o interesse de nenhum deles. A não ser quando era motivo de piada.
Quando estava com as amigas, Júlia nunca falava de si. Achava-se sem graça e incapaz de manter uma conversa interessante com quem quer que fosse.
Nunca namorou. E nem poderia, já que havia criado uma barreira invisível em torno dela própria.
Até se interessava por alguns garotos, mas não contava para ninguém. Quem se importaria?
A insegurança e o medo de rejeição não lhe permitiam revelar os sentimentos, nem mesmo para as amigas.
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Assim como Júlia, muitas pessoas têm sido reféns do complexo de inferioridade. Esse sentimento negativo chega sorrateiramente e se instala dentro da pessoa, passando a controlar seus sentimentos e suas decisões, e fazendo-a ter uma visão negativa de si própria.
O complexo de inferioridade envolve um conjunto de crenças, pensamentos e sentimentos que habitam a pessoa e provocam uma percepção própria de pouca valia e baixa estima pessoal, explica o psicólogo Alexandre Rivero.
Esse sentimento de inferioridade pode se estabelecer tanto na infância como na fase adulta. Segundo o especialista, na infância ela se estabelece a partir de experiências traumáticas de desvalorização pessoal, como pais que comparam filhos e fazem críticas generalizadoras, rotulando a criança. Ou quando uma criança com dificuldades escolares é chamada de "burra", por exemplo.
Mas se engana quem pensa que apenas as crianças sofrem com o complexo.
O adulto também está suscetível a este sentimento negativo. Para o psicólogo, "um forte trauma, como experiências de demissão, na qual a pessoa se sente injustiçada ou abusada moralmente, um abandono conjugal, ou uma traição afetiva, podem produzir um abalo na autoestima e autoconfiança com consequências que produzem o sentimento de inferioridade", esclarece.
A pessoa que carrega esse problema considera-se inapta, incapaz e inadequada. Por conta disso, frequentemente, perde oportunidades nas áreas profissional e afetiva. "Outros podem desenvolver pensamentos de estar sendo constantemente desvalorizados, uma desconfiança constante em relação às pessoas com quem convive, levando-o ao isolamento, à hostilidade e a processos depressivos", explica Rivero.
Como vencer
Para superar, a pessoa precisa se conscientizar, entender e reconhecer as suas possiblidades, qualidades e competências. "Observar a distorção que provavelmente está fazendo e perceber que todos nós temos dificuldades e mazelas, que estamos sempre buscando superar e melhorar. Ninguém é perfeito, somos seres em constante aprendizado e construção", finaliza o psicólogo.
Veja abaixo, algumas dicas para combater a insegurança e a baixa autoestima:
- Reconheça que necessita de Deus para tudo, que, sem Ele, você não pode fazer nada. "...porque sem Mim nada podeis fazer." João 15.5
- Evite comparações; cada pessoa é diferente da outra, e todas têm o seu próprio valor.
- Admire as qualidades das outras pessoas, mas não esqueça que você também tem as suas.
- Nunca diga "não posso", "não consigo", sem haver tentado. "Posso todas as coisas nAquele que me fortalece." Filipenses 4.13
- Exercite a usa fé. Arrisque-se. Não se esqueça: você é um escolhido de Deus. "Tu és o Meu servo, a ti te escolhi e não te rejeitei." Isaías 41:9
- Enfrente seus medos. "Porque Eu, o Senhor teu Deus, te seguro pela tua mão direita, e te digo: Não temas; eu te ajudarei." Isaías 41:13
- Fale consigo mesmo de forma positiva - exercite o seu cérebro para identificar qualidades em você que até agora não reconhecia, mas que, ao vê-las, automaticamente vai enxergar o potencial que tem. Essas qualidades estão aí e precisam ser evidenciadas para que você encare os desafios de cabeça erguida.
(*) O nome foi trocado a pedido da personagem para preservar a identidade
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