quinta-feira, 12 de maio de 2011
Continuação da última quinta-feira ...
As coisas não melhoraram, embora por um tempo, pareciam melhores. Eu pensei que Filipe estava começando a mudar. Ele estava mais carinhoso, mais atento, mais em paz consigo mesmo. Antes, ele não conseguia sequer olhar no espelho sem dizer 'FEIO!'... Eu estava feliz de vê-lo mudar, de estar se adaptando conosco. Ele até começou a me fazer perguntas estranhas sobre o tempo que passou dentro da minha barriga. Era como se Filipe tivesse bloqueado totalmente o seu passado, como se ele nunca tivesse vivido em um orfanato, nunca havia passado por tudo o que passou.
Mas logo que ele entrou na escola, as coisas mudaram. Não tinha um dia sequer que o professor deixava de falar comigo depois da aula, para fazer as típicas queixas contra Filipe. Eu me sentia tão envergonhada, especialmente porque todas as outras mães, que por alguma razão pareciam muito mais velhas do que eu, me olhavam o tempo todo com desdém. Eu podia sentir de longe que elas falavam de mim, eu não sei o quê, mas posso imaginar...
O pior de tudo, é que todas as queixas que os professores faziam sobre o meu filho eram totalmente novas para mim, porque em casa, ele era um anjo! Comecei a pensar que poderia ser perseguição dos professores, até que um dia observei Filipe de longe e vi um menino diferente, que eu ainda não conhecia. Foi quando percebi que ele estava sendo um anjo em casa por uma razão ... não necessariamente porque era um.
A partir daí, minha batalha se tornou ainda mais árdua. Eu falava para ele sobre a verdade, a mentira, o engano, sobre tudo o que há para se falar, e ainda assim, Felipe não mudava. Ele nunca confessava as coisas, a menos que descobríssemos primeiro. Foi assim durante anos...
Sim, houve vezes que eu pensei que não tinha jeito para ser mãe. Eu perdia a paciência com ele, era muito rigorosa, muito exigente, muito mãezona… se você entende o que quero dizer. Eu queria ajudar meu filho, mas quanto mais tentava, menos conseguia.
Ele estava com medo de nos machucar ... e assim fingiu ser alguém que não era. E eu. .. tinha medo de não ser a mãe que ele precisava.
Continuação amanhã.
Publicado por D. Cristiane Cardoso
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