SALMOS

"INSTRUIR-TE-EI E TE ENSINAREI O CAMINHO QUE DEVES SEGUIR; E, SOB AS MINHAS VISTAS, TE DAREI CONSELHO. NÃO SEJAIS COMO O CAVALO OU A MULA, SEM ENTENDIMENTO, OS QUAIS COM FREIOS E CABRESTOS SÃO DOMINADOS; DE OUTRA SORTE NÃO TE OBEDECEM."

SALMOS 32:8 e 9
































































segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

TRABALHO DA IURD

IURD intensifica trabalho de evangelização nos presídios de todo o País. Milhares de voluntários promovem ações sociais e levam a Palavra de Deus para dentro das celas


Há 12 anos, a rotina do obreiro Élvis Lima Silva é a mesma: de segunda a sábado, ele atravessa os inúmeros portões de segurança que separam a rua das celas dos detentos dos Centros de Detenção Provisória (CDPs) de Osasco, Pinheiros e Carapicuíba, em São Paulo, para levar a eles mensagens de esperança e a Palavra de Deus. “Foi Ele quem me tirou da cadeia”, diz o ex-presidiário, que foi batizado dentro de uma penitenciária, onde ficou por 3 anos e 2 meses. “Errar é humano, só que mais humano ainda é ajudar quem errou. A transformação do ser humano é quando ele deixa as coisas erradas de lado e passa a fazer as coisas conforme a vontade de Deus. Aí ocorre a transformação.” Silva é apenas mais um dos cerca de 2,5 mil voluntários da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) de São Paulo que, semanalmente, visitam cerca de 120 unidades prisionais das 150 existentes no Estado, com o objetivo de levar conforto e uma palavra de fé e, com isso, proporcionar a ressocialização dos detentos.


Toda a comunidade carcerária é beneficiada pelas orações que são realizadas por pastores, obreiros e evangelistas, que realizam reuniões e batismos. Além disso, a IURD promove também ações sociais dentro das unidades prisionais, como doação de material de higiene pessoal, apoio a dependentes químicos e distribuição de exmplares da Bíblia, revistas, livros e folhetos contendo mensagens de fé e incentivo. “A sociedade espera uma mudança da população carcerária. Mas é preciso uma mudança que venha tanto com a ajuda espiritual como com a assistência social. É preciso que esses dois pilares sejam trabalhados juntos. E nós trabalhamos nessas duas frentes”, afirma o pastor Afonso da Silva, responsável pelo trabalho de evangelização nas unidades prisionais de São Paulo.


“É muito importante o trabalho da IURD porque a gente está aqui esquecido de tudo e de todos, mas recebemos esse apoio da Igreja Universal. A gente ouve palavras amigas e só com Deus a gente vê que o crime não compensa”, diz um preso de 33 anos, acusado de tráfico de drogas, logo após ser batizado no último dia 26 dentro do CDP-I de Osasco, em São Paulo. “A Igreja ajuda a gente a não abandonar o caminho da família, da paz, do amor e da harmonia”, diz outro detento.


O projeto de ressocialização da IURD se destaca ainda por meio de oficinas e de eventos para os presos, que incluem realização de casamentos e encontros familiares em datas especiais. “A Igreja Universal ameniza mesmo o sofrimento. O preso muda da água para o vinho, depois de ser convertido. O comportamento melhora e vemos que ele fica mais calmo”, diz Maurício de Freitas, diretor técnico do CDP-I de Osasco.


E essa mudança está no discurso daqueles que, com a ajuda do grupo de evangelização da IURD, aguarda o dia da tão esperada liberdade atrás das grades. É o caso de José (nome fictício), de 42 anos, que foi batizado dentro da prisão em 2010 e já virou um dos líderes dos obreiros dentro do Pavilhão 1 do CDP-I de Osasco. Ele garante que vai seguir essa missão de levar a Palavra de Deus nos presídios até o fim da vida. “Entrei com um monte de acusação nas costas e só então conheci o trabalho da Igreja. Bebia, usava drogas e estava nas trevas, mas quando desci às águas eu já percebi a grande mudança. Foi como se eu trocasse meu chip e começasse uma vida nova.”




Pelo País






Com uma população carcerária de quase meio milhão de pessoas, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking dos países com a maior população prisional do mundo, segundo dados do Centro Internacional de Estudos Penitenciários, do King’s College, no Reino Unido. Neste cenário, o trabalho dos grupos de evangelização da IURD em presídios e delegacias é de extrema importância – ainda mais se consideradas as condições precárias e a superlotação que a maioria dos internos enfrenta – e vem se intensificando não apenas em São Paulo, mas em muitas das mais de 1,2 mil unidades prisionais de todo o território nacional.


No Rio de Janeiro, onde este tipo de iniciativa foi posta em prática pela primeira vez pela IURD em 1990, este ano mal começou e, apenas no mês janeiro, já foram realizados mais de 100 batismos nas 68 unidades de detenção assistidas pelos agentes religiosos da Igreja Universal no Estado, incluindo presídios, delegacias e Centros de Atendimento ao Menor (Criam), além de 13 Centros de Recuperação de Viciados.


Segundo o pastor Júlio Pinheiro, responsável pelos evangelistas da IURD em penitenciárias do Rio de Janeiro, são cerca de mil batismos por ano. Em mais de 2 décadas, houve aproximadamente 21 mil batismos e 90 matrimônios realizados em unidades prisionais no Rio.


O pastor Júlio conta ainda que, no começo, foi difícil implantar o projeto. “Hoje o trabalho realizado diariamente pelos cerca de 150 voluntários da Igreja Universal é reconhecido e parabenizado por autoridades.”


Adilson Resende, de 52 anos, é prova de que o trabalho de ressocialização da IURD é capaz de transformar vidas. Sem rumo, morou nas ruas por 16 anos, tornou-se dependente químico e entrou para o mundo do crime. Ele só conheceu os ensinamentos de Deus e foi evangelizado quando já estava preso. “Falaram-me que Deus podia mudar a minha vida”, conta. Beneficiado pelo bom comportamento, Resende recebeu uma condicional. “Mas sem ter casa para viver e longe da família, fui morar novamente nas ruas. Fiquei sem teto por 2 anos e, mais uma vez, fui evangelizado.”


A partir de então, ele passou a frequentar diariamente a IURD de São Cristóvão e conseguiu emprego. “Depois de ser batizado, passei a evangelizar nos presídios, contando para todos os encarcerados o milagre que Deus fez na minha vida”, relembra. “Consegui reencontrar minha família, tornei-me obreiro, auxiliar e, depois, me casei. Propago o Evangelho há cerca de 20 anos, como pastor da IURD.”


Na Bahia, onde há uma população carcerária de cerca de 10 mil pessoas, há 250 voluntários da IURD – 140 deles só em Salvador e região metropolitana. Eles realizam este trabalho em mais de uma dezena de presídios e delegacias, além de eventos especiais em unidades prisionais em outras localidades. Para este semestre, já estão previstas ações nas cidades de Jequié, Vitória da Conquista, Paulo Afonso, Porto Seguro, Ilhéus e Itabuna.


Diante da atual realidade carcerária brasileira, o advogado João Astor Mendonça Lisboa, especializado em Direito criminal, pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal, declara que a ressocialização é muito difícil, uma vez que o Estado não cumpre a sua parte, e elogia o trabalho da Igreja Universal. “O Estado pune, porém, não está preparado para devolver à sociedade o homem que ficou segregado do convívio em sociedade e foi tratado de uma maneira que, com certeza, o revoltou ainda mais. A Igreja Universal tem ajudado muitos internos.”




Família


E o trabalho da IURD não se limita apenas aos milhares de homens e mulheres que cumprem pena atrás das grades. A evangelização e a assistência social se estendem também às famílias dos presidiários. Seja com o fortalecimento espiritual, seja com cafés da manhã para aqueles que madrugam nas filas em frente às penitenciárias no dia de visitas ou distribuição de
cestas básicas.


A costureira Francisca Maria da Silva Simões, de 52 anos, que frequenta a Igreja Universal há alguns anos, sabe da importância desse apoio. O filho dela está preso e condenado a 20 anos. Desde a sua prisão, há 6 anos, ela diz ter passado por uma grande depressão. Segundo ela, porém, a ajuda dos pastores e obreiros que cuidam do trabalho de evangelização com os familiares dos presos foi essencial para que ela pudesse se reerguer. “Não é sempre que posso visitar o meu filho na prisão, porque ele está bem distante de São Paulo, mas, quando vou, levo livros, jornais e Bíblias, todos doados pela IURD. Além disso, eles me ajudam muito em oração, porque é muito triste você ter um filho preso”, diz Francisca, com lágrimas nos olhos, levando consigo uma cesta básica, que acabara de receber dos voluntários, na matriz da IURD, no bairro Brás (zona leste de São Paulo).




Pelo rádio, palavras que confortam


O trabalho da IURD nas unidades prisionais do País continua mesmo quando os voluntários não estão presentes fisicamente entre aqueles que estão detidos. Existente há 20 anos, o programa “Momento do Presidiário” é transmitido todos os dias para todo o Brasil por meio da “Rede Aleluia”. Em todos os Estados, a programação é comandada por um pastor que leva apoio espiritual e uma palavra amiga aos milhares de encarcerados e familiares de detentos. Por meio do rádio, os presos podem participar de orações, acompanhar a Palavra de Fé e receber recados de seus parentes, que ligam ou enviam cartas que são lidas ao vivo durante o programa. Os ouvintes também contam com uma equipe de advogados, que auxiliam nas respostas jurídicas.




De presidiário a empresário


O sorriso sincero e os olhos brilhantes do empresário da construção civil Marcos Cesar Datri, de 38 anos, retratam hoje o prazer em viver dignamente e, acima de tudo, em paz. Por onde quer que vá, Datri garante que é respeitado e já não carrega mais as marcas de um passado sombrio e cruel pelo qual passou envolvido na criminalidade por mais de 10 anos. “Conheci os vícios aos 8 anos, me envolvi em furtos ainda menino, depois nos roubos, no tráfico e, aos 15, comandava um cassino dentro de uma favela em São Paulo. Essa vida errada era motivo de orgulho para mim. Não me sensibilizava com ninguém, era violento. E quem descumprisse as regras do crime pagava com a própria vida ”, comenta.


Condenado por vários crimes, dentre os quais, roubo, tentativa de homicídio e homicídio, ele passou por diversos distritos policiais e cadeias públicas de São Paulo, inclusive pela extinta Casa de Detenção, mais conhecida como Carandiru.


Datri relembra, com lágrimas nos olhos, que enquanto esteve preso, viu a família definhar, soube da morte dos pais, ficou longe dos quatro filhos que teve de três relacionamentos distintos e, por fim, foi abandonado pela última esposa. Apesar de passar por momentos de muita revolta, diz, foi no Carandiru que ele encontrou as respostas para os seus dilemas, ao ser evangelizado dentro do cárcere.


“Eu estava completamente drogado quando recebi o convite de um outro preso para participar de uma reunião. Aceitei e, desde então, nunca mais abandonei a minha fé. Participava de todas as reuniões e orações. Tempos depois, me batizei nas águas. Depois disso, ainda permaneci preso por quase 4 anos. Para quem era conhecido como ‘Marcos Psicopata’, hoje sou obreiro da IURD da Consolação (região central de São Paulo), onde cuido do grupo de evangelização nos presídios, me casei e acabei de formalizar a minha empresa. Minha vida hoje é completamente transformada.”




Mudança radical


Apesar de conhecer o trabalho da Igreja Universal desde os 12 anos, quando acompanhava a mãe às reuniões, Valter Natalino de Jesus, de 28 anos, começou a se envolver com amizades erradas durante a adolescência.Conheceu o lado fácil de ganhar dinheiro e acabou pagando um alto preço, revela: “Quando minha loja de produtos contrabandeados e roubados foi fechada pela polícia, comecei a praticar pequenos furtos e assaltos a mão armada. Mas foi em uma viagem de carnaval para Pernambuco, em 2007, que pratiquei um assalto e fui preso e condenado”, lembra.


Natalino de Jesus gastou todo o dinheiro que tinha para tentar uma transferência para São Paulo, mas nada conseguiu e ficou preso por 2 anos e 3 meses longe da família. “Esse período foi um inferno. Fiquei longe de tudo e de todos, foi terrível”, relembra.


Quando saiu em liberdade condicional (e ainda está), em junho 2009, Valter diz que estava determinado a mudar de vida. “Entreguei-me a Deus, de fato e de verdade, e minha vida mudou por completo. Hoje trabalho como supervisor de obras, me casei e tenho uma família abençoada. Cuido de um grupo de evangelismo da IURD que dá apoio aos familiares de presos, e um dos membros deste grupo é a minha mãe!”, conta, orgulhoso.


“Quando Valter foi preso eu já fazia parte de um dos grupos de evangelização da IURD com os familiares dos presos e passei a me dedicar ainda mais, pois sabia que outras mães passavam pela mesma situação que eu e precisavam de ajuda. Tive muito apoio espiritual de todos da Igreja e, com isso, pude buscar em Deus a solução para a vida do meu filho”, completa Maria José A. Lopes, de 49 anos, que faz parte da IURD há 16 anos.


Folha Universal

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