Ainda falando sobre Ana (I Sm 1:15-17), podemos dizer que quando ela se refere ao derramamento de sua alma perante o Senhor, trata-se de uma excelente descrição de uma oração fervorosa.



Oração fervorosa - Esta é a oração que agrada a Deus, que chama a Sua atenção para nós, que resolve!
Ana derramou a sua alma, deixou correr de dentro de si tudo que não prestava, colocou para fora tudo o que estava apodrecendo seu coração. Não teve vergonha de expor ao seu Deus toda sujeira que carregava dentro dela. Não se preocupou com o que Ele iria pensar dela, não quis saber se tinha alguém vendo ou ouvindo. Em sua alma havia o desejo ardente de mudança, uma fé de que aquela situação tinha que acabar ou ela própria se acabaria.
Quando a pessoa se derrama diante de Deus, ela se anula do mundo exterior, todo o resto a sua volta é como se não existisse, clama como se só estivesse ela, Deus e mais ninguém! Nada é capaz de desviar a sua atenção, nada lhe incomoda mais do que a sua própria situação, então, ela não vê ninguém, apenas fala com Aquele que é o Único capaz de resolver o seu problema!!!
Quem realmente se derrama é saciado, porque demonstra a sua dependência, sua sede de Deus e de resposta. Quem se derrama recebe a petição, ao passo que quem só conversa, apenas desabafa e nem sempre é saciado.
Uma coisa é a pessoa orar religiosamente, outra completamente diferente é se derramar diante do Altíssimo. Isso me fez lembrar a comparação que o Senhor fez das orações do Fariseu e do Publicano:
“Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” (Lucas 18:10-14)
- O Fariseu (religioso) fez questão de seguir todos os rituais religiosos para que todos vissem que ele “falava” com Deus. Observe que ele orava de “si para si mesmo”… Que triste… Pensava que estava arrebentando, pensava que estava agindo correctamente diante de Deus, mas não passava de mero religioso que comparecia continuamente no Templo e saia “oco”, sem resposta! Agradava a congregação, “orgulhoso” de sua postura religiosa, julgava aos outros, mas, nem de longe, agradava Aquele a quem ele dizia querer agradar!!!
- O Publicano (cobrador de impostos) se derramou perante o seu Senhor, fez como Ana. Ele sabia da sua condição espiritual, de quanto necessitava de socorro, de quanto estava mal interiormente que não se achou digno de se aproximar do Altar Santo. Orou de longe, porque estava tão preocupado em derramar sua alma, que nem ousava levantar os olhos, apenas batia no seu peito e clamava por misericórdia!
Perante o Senhor, aquele Publicano, que se humilhou, voltou para sua casa vitorioso, leve, renovado, em paz, ao passo que o Fariseu, permaneceu vazio, sem resposta, sem salvação!
E você, que postura vai adotar diante de Deus? Depois não adianta reclamar se não for atendida (o)!

Pense nisso…